30 outubro 2006

Session Report - Encontro Mensal de Boardgamers

Já começam a faltar as palavras para descrever o gozo que dá participar nos encontros mensais de Boardgamers promovidos pela RunaDrake e pelo site Abreojogo.
Aquilo é jogar até cair para o lado. Há sempre um jogo para aprender e sempre uma mesa para o experimentar. Os títulos disponíveis nestas sextas são mais que muitos e torna-se impossível jogar a tudo o que aparece, mas garanto-vos que se joga muito. Neste encontro bateram-se todos os records. Vinte pessoas, 12 horas, 40 jogos disponíveis.
Nem nos levantámos para comer. Pedimos 4 pizzas familiares para alimentar a malta toda e continuámos no vício hora após hora como se o mundo terminasse no dia seguinte.
A fasquia continua a subir a cada encontro mensal e cada vez aparecem mais jogadores, e acreditem que cada um parece mais viciado que o outro.
Eu só me aguentei até às 3 da manha e até lá jogou-se Modern Art, Caylus, Commads & Colors, Tigris, Ra, Citadels, Gheos (que não apaixonou), Queen’s Neclage, Torres e uma explicação de 60 minutos das regras do Guerra do Anel.
Malta veio muita, chegando aos 20 participantes que encheram por completo o 1º andar na RunaDrake.
Aqui ficam as fotos tiradas e esperemos todos que da próxima estejam ainda mais jogadores.
Menção para o pobre do Ricardo que não esteve presente, mas que esperemos todos que da próxima apareça.
Continua em cima da mesa o projecto do campeonato de Puerto Rico que se espera vir a ser concorrido. Para mais informações clickem no link Grupo de Lisboa.














25 outubro 2006

Encontro de Boardgamers em Lisboa

Vai ter lugar esta sexta-feira na loja RuneDrake mais uma um encontro de Boardgamers. A morada é Trav. Henrique Cardoso Nº71-B (perto do Maria Matos e da estação de metro de Roma).
Desta vez contamos com muitas novidades.
Para já fazemos fé para que apareçam uma vintena de jogadores, uma vez que, ao que parece, a malta do blog Spielportugal está com vontade de se sentar à mesa com os alfacinhas.
Mas o grande atractivo, meus senhores, são os joguinhos que o Philip Moringer trouxe directamente de Essen. Ainda não foram revelados os títulos, até porque o segredo é a alma do negócio, mas pela emoção com que o Philip nos avisou da novidade, vem aí chumbo grosso.
Um certo zum zum, já a circular pelos canais habituais, dá a boa notícia que poderá estar disponível no encontro o tão aguardado Shogun, uma versão mais comercial do magnífico Walleinstein há muito esgotado das lojas de todo o mundo e que muita pouca gente teve a oportunidade de experimentar.
Em todo o caso, todos aqueles que nunca jogaram e que tenham a curiosidade do fazer, estejam à vontade para aparecer. Este encontro não é um evento fechado e privado onde só os mais experientes podem jogar. Nada agrada mais a um gamer do que introduzir um não gamer no vício. Existe uma ternura desmedida pelos novatos que até pode chegar ao ponto dos deixarmos ganhar. Por isso venham em força.

24 outubro 2006

Essen: o sumo!

Agora que a feira terminou, podemos pegar nela, espremê-la como se fosse um citrino e ver que jogos caem para o espremedor! Estes serão o sumo, o cream of the crop, a nata do que se jogou em Essen, pelo menos para quem seguiu Essen à distância de uns ciberbinóculos, como foi o meu caso. Para o ano talvez seja diferente...

O destaque

O meu destaque vai para Space Dealer. Era o patinho feio da Eggertspiele, que concentrava todas as atenções no seu Imperial, mas acabou por ser um dos jogos preferidos de quem por lá passou (6º lugar na sondagem da fairplay), apesar de ser um jogo arriscado, cheio de mecanismos muito pouco comuns, como as acções simultâneas restringidas pelo cair dos grãos de areia nas ampulhetas. Ainda para mais, isto é um jogo de estratégia, com escolhas complicadas a serem feitas pelos jogadores e não um brinquedo para miúdos. Grande risco da Eggertspiele e do designer Tobias Stapelfeldt que, depois de Neuland, volta com algo de bastante inovador e entra para a minha lista de gajos a seguir com atenção e a que dou o nome de "Lista dos gajos a seguir com atenção".

As desilusões

As desilusões são sempre relativas, quando não se esteve lá nem se jogaram os jogos. No entanto, há jogos que eu esperava que fossem universalmente amados e aclamados como a próxima coisa mais fixe de sempre, logo a seguir à feijoada, e acabaram por ficar um pouco aquém. Nesta categoria caem Perikles, que passou relativamente despercebido mas, como bom Martin Wallace que é, merece que nos mantenhamos atentos ; Gloria Mundi, que esteve 560 anos em produção, é o jogo de estreia da Rio Grande na publicação de jogos e não foi aclamado como a Mãe de Todos os Jogos, como seria de esperar ; Imperial, que parece fixe, mas eu pessoalmente esperava ter ouvido relatos de pessoas a desmaiar de alegria com um sorriso esculpido na face com um cinzel, logo depois de terem tido oportunidade de o jogar e, ao que sei, isso não aconteceu ; Mastro Leonardo, que vinha rotulado como o jogo que melhorava os mecanismos do Caylus para sempre e acabou por perder o título de "Caylus dos Maricas Dourado" para o surpreendente, tão Caylus, mas muito mais maricas, Pillars of the Earth.

As surpresas

O surpreendente Pillars of the Earth, que a gente tinha incluído aqui por consideração para com a namorada do Hugo e acabo por vencer o afamado e desejado título de "Caylus dos Maricas Dourado". O Mr. Jack, que eu nem sabia que ia ser editado e por isso foi uma surpresa para mim e confirma agora tudo o que de bom eu tinha ouvido sobre o Une Ombre sur Whitechapel, pelo que segue directamente para a minha lista de compras. O Tara: seat of kings, que tínhamos rotulado como "mais um jogo engraçadote, mas inofensivo" e que acabou por mostrar os dentes, sendo um dos preferidos do público. O Space Dealer, que eu pensava que era um joguito da treta sobre comércio espacial e acaba por se tornar no destaque do gajo que não esteve em Essen e seguiu tudo via internet, ou seja, eu.

As confirmações

Yspahan, que toda a gente pensava que ia ser um dos mais amados e acabou por ser o mais amado. A Ystari continua em grande!
Hermagor, que nós esperávamos que fosse um grande jogo e aparentemente é um grande jogo. Graenaland, no qual eu pessoalmente apostava bastante e parece ter confirmado essa aposta e ainda tem componentes bonitos. O Maestro Leonardo, que apesar de ter perdido o principal galardão a que concorria ("Caylus dos Maricas Dourado"), acabou por ser também um dos jogos mais apreciados da feira. O Battlelore: confirma-se que é o Memoir 44 colecionável, passado num ambiente de fantasia e caro como o caraças. Mais um título a seguir com atenção, portanto!

No limite

No limite ficam Khronos, que parece ter sido bem recebido, mas ainda não há informação suficiente disponível e Through the ages, sobre o qual ainda não há informação suficiente disponível, mas parece ter sido bem recebido.

Para a minha lista de compras vão:

Space Dealer, Mr. Jack, talvez o Tara, talvez o Maestro Leonardo, talvez o Perikles, talvez o Through de Ages, talvez o Khronos. O Pillars of the Earth compra o Hugo de certeza, por isso não preciso de comprar eu quando sair em inglês! ;)

23 outubro 2006

Essen report #3

Space Dealer

Este e Imperial constituem as novidades da Eggerspiele para Essen. No entanto, este é um jogo a seguir com particular atenção, já que esteve a ser desenvolvido durante 4 anos e apresenta uma série de inovações interessantíssimas, que combinadas com o excelente buzz que tem recebido, fazem-no merecer um post dedicado.

A ideia deste jogo é simples: cada jogador é um mercador espacial e começa no seu planeta, com uma nave, 1 fonte de energia básica e 1 carta de tecnologia que produz um tipo de bem. Também começa com mais cartas na mão que podem ser ligadas à fonte de energia para produzir mais bens ou para conceder ao jogador poderes especiais. Os bens produzidos podem ser transportados na nave para satisfazer encomendas dos outros jogadores, noutros planetas. Ao satisfazer estas encomendas, o jogador recebe pontos. Até aqui, isto parece tão inovador como as sandálias de um monge franciscano. A inovação vem agora: cada jogador possui 2 ampulhetas e para produzir o que quer que seja, tem de colocar uma das ampulhetas na carta e só quando o tempo se esgota é que recebe o bem, ou o poder especial. Todos os jogadores jogam em simultâneo e não há conceito de ronda. Ou seja, de todas as acções que se quer fazer, só se pode fazer duas de cada vez, porque só há 2 ampulhetas por jogador. Para além disso, como o jogo é complexo, é muito mais importante seleccionar bem as acções que se quer fazer e ter uma estratégia pensada, do que propriamente mexer depressa nas ampulhetas. O jogo dura exactamente meia hora e o tempo até pode ser controlado através da audição de um CD, incluído na embalagem.

Isto é, de facto, muito inovador mas ao mesmo tempo parece-me bastante interessante. Para além disso, as reacções iniciais de quem tem experimentado o jogo têm sido entusiásticas, o que ainda desperta mais a curiosidade. Por muito bom que seja o Imperial - e parece que é bastante bom - este Space Dealer é, provavelmente, o jogo mais desconcertante da feira e um sério candidato a best of show.

Essen report #2

Bom buzz

Isto não tem a ver com Essen directamente, mas como são novidades sobre um jogo novo que está a ser lançado lá, aqui vai: a gamebox, uma revista alemã sobre jogos, publicou uma review muito generosa sobre o The Pillars of the Earth. Para além de dizer que é um excelente jogo, atribui-lhe a nota impressionante de 10 em 10. No entanto - e isto já tem a ver com Essen - o jogo também tem sido um dos sucessos da feira, pelo que é definitivamente um título a seguir com atenção, tal como este blog tinha antecipado...

O lendário jogo Une ombre sur Whitechapel, o jogo de dedução da autoria de Bruno Cathala e do qual só existiam 250 cópias feitas pelo próprio autor, na esperança de que fosse publicado, foi, de facto, publicado. O seu novo título é Mr. Jack e parece que o jogo confirma todas os louvores de quem tinha jogado uma das tais 250 cópias. É um jogo de dedução, mas muito pouco vulgar, já que mistura uma componente de estratégia e um tema muito envolvente. Interessa-me bastante!

Midgard é o novo título da Z-Man games e está em pré-produção, pelo que só deverá estar disponível em Dezembro. É um jogo de pancadaria, mas que utiliza o mecanismo de draft de cartas (tal como o japonês Fairy Tale). A ideia é ir construindo uma mão de cartas que depois se usam para mover os exércitos no mapa, atacar os adversários e desencadear acções especiais. O jogo tem tido uma excelente recepção, por isso é mais um a manter debaixo de olho.

Die Baumeister von Arcadia (algo como os arquitectos de Arcadia) é o novo jogo de Rüdiger "Goa" Dorn. Os jogadores vão usando cartas para construir edifícios, ou colocar pessoas. Quando estes edifícos estão completamente rodeados (de pessoas ou outros edifícios), pontuam. O jogador que colocou a última pedra, recebe um selo e todos os jogadores com pessoas ao redor do edifício recebem um selo por pessoa. Parece que é um gamer's game bem desenvolvido, equilbrado e com vários caminhos possíveis para a vítória, o que não espanta, vindo de quem vem.

20 outubro 2006

Essen report #1

Essen já começou, bomba e recomenda-se! O blog entra por isso em modo CNN! Mais posts, mais informação e menos poesia! Quando a feira terminar, o blog regressa ao habitual modo Canal Parlamento, com ficção, imaginação e lirismo a rodos e para todos!

Bom buzz

Graenaland parece estar a ser um dos primeiros sucessos de Essen deste ano. Segundo Rick Thorquist, a dominatrix impiedosa das notícias de jogos de tabuleiro, foi um dos jogos mais vendidos durante o primeiro dia e tem surpreendido pela qualidade e beleza de alguns dos seus componentes (as fotos pré-Essen que existiam referiam-se a um protótipo), para além da jogabilidade, claro. Tem vendido que nem tremoços, numa festa da imperial!

- Walhalla!
- Santinho!
- Disseste, Fernando Santinho?
- Não, pá estava a desejar-te saúde.
- Mas eu não espirrei!
Bom, adiante que isto não é para ter poesia! Às vezes esqueço-me! Walhala tem Vikings, tem mecanismos originais, joga-se depressa e parece que é mais um promissor medium weight game. Foi também um dos sucessos do primeiro dia e merece um olhar mais atento.

O Notre Dametinha sido relegado para o canto dos jogos-leves-bons-para-servir-de-gateway-mas-maus-para-tudo-o-resto, depois das primeiras impressões falarem numa classificação baixa, na escala de complexidade da Alea. No entanto o grande repórter teve oportunidade de jogar isto e ficou maravilhado! Disse as palavras mágicas ("este é um gamer's game!") e diz que o vai comprar de certeza! Quando um gajo que vive de escrever sobre jogos e tem 600 ou 700 jogos na sua colecção privada, diz que vai comprar mais um "de certeza!" isso é motivo suficiente para eu dizer: vou olhar para ele com atenção, de certeza!

Mau buzz

Project Skyline! O nosso Rick jogou e detestou tanto, que teve de sair a meio enquanto vomitava, largava espuma pelo nariz e era acometido de convulsões histéricas incontroláveis! Ausência de estratégia, ausência de decisões relevantes... ausência de jogo, diria eu! Parece que se resume a lançar dados e a rezar para que a sorte nos ajude. A evitar!

Curtas

Fórmula Dé vai ser reprinted lá mais para o natal. Segundo os designers, esta vai ser a última reimpressão do jogo. Mas - e esta é a parte melhor - parece que vai surgir uma nova e melhorada versão no ano que vem. Isto interessa-me porque se conseguirem resolver os problemas do jogo (a duração, principalmente) e modernizá-lo um pouco, sou gajo para comprar esta nova versão! O Fórmula Dé Mini é giro, mas é demasiado light.

E o melhor fica para o fim: Karl Heinz Schmiel, o lendário criador de jogos de culto como, "Mamã, onde está o meu pepino?", ou "Vamos todos à escola com o pequeno ursinho fofinho"... não, estou a gozar, como é óbvio! Outra vez: o lendário criador de jogos de culto como Die Macher, ou Extrablatt, vai lançar um novo jogo, a ser publicado pela Rio Grande! Schmiel é conhecido por criar verdadeiros gamer's games, complexos e estimulantes, pelo que o meu interesse nesta nova criação é elevado! Este rapaz não faz brinquedinhos para meninas, faz jogos de homem! Pode ser que se entusiasme e decida também fazer uma reedição do Extrablatt, que tem sido um dos jogos que mais tenho perseguido, sem sucesso até hoje. Tudo isto me inspira para jogar Die Macher um destes dias... só falta encontrar as vítimas...

E por agora é tudo. Venham cá, de vez em quando, que é provável que encontrem mais novidades!

Zorg, ouvar ende áute!

19 outubro 2006

A bomba de Essen?

Aproveitando o último post do Zorg e tendo sempre presente a máxima deste blog, “para os leitores tudo”, dediquei-me à compreensão e leitura das regras do jogo Imperial, título muito esperado por todos aqueles que por aqui andam.
A espera parece-me bastante compreensível e depois de ler as regras as minhas esperanças também são muitas.
Mas afinal o que se pode dizer sobre este Imperial?
Infelizmente tudo o que posso escrever sobre ele baseia-se apenas nas regras e não numa experiência em tabuleiro, o que faz ,como se pode imaginar, toda a diferença.
Uma das coisas que posso afirmar sem receio de falhar, é que todo o ambiente que se espera do jogo está lá todo. Não só porque o mapa é uma maravilha como também todas as particularidades que o autor introduziu no jogo fazem com que os jogadores tenham a sensação de estar em pleno século XIX e que os seus corpos evidenciam uma grande pança e também uma bigodaça capaz de fazer inveja ao Dali.
Por outro lado é usado o mecanismo da roda. Ou seja uma roda dividida em 7 campos mostra as 7 acções que um jogador pode fazer no seu turno. O que acontece é que o marcador do jogador só pode movimentar-se 3 campos de cada vez. Ou seja o jogador só poderá fazer uma de 3 acções, ficando 4 acções inacessíveis. Claro que o jogador pode fazer qualquer acção, mas se quiser uma acção inacessível vai ter de pagar por ela, enquanto se quiser fazer uma acção disponível não pagará nada. Essa mecânica, já usada em Antike é bastante interessante e faz o jogador pensar nas suas jogadas futuras com alguma atenção, para que as suas acções sejam sempre gratuitas.
Por outro lado, o jogador vai construindo fábricas (que rendem dinheiro, exércitos ou navios), vai movimentar exércitos (que podem servir para uma guerra ou para ocupar uma região com fábricas de outros jogadores eliminando a sua produção), aumentar o seu prestígio no governo das potências em jogo, celebrar acordos e tratados com outros jogadores (pactos de não agressão), construir frotas (que permitem o movimento dos exércitos pelo mar para qualquer região do mapa que tenha um porto), recolher impostos das regiões circundantes às grandes potências (depois de ocupar militarmente essas regiões), etc, etc.
Tudo está relacionado. Agora o que é verdadeiramente interessante é que o jogador não representa uma potência. Apenas investe dinheiro nessa potência, ou seja, o jogador que der mais dinheiro para títulos de investimento ganha a possibilidade de governar essa potência, usando para o efeito o exército a seu bel prazer e retirando os benefícios das fábricas, podendo também construir fábricas, etc. O que acontece é que outro jogador pode, a qualquer momento, comprar mais títulos de investimento e ficar ele com o controlo de tudo, renegando o anterior governante para o esquecimento, ou então, para o governo doutra potência. Parece-me que ao longo do jogo os jogadores vão governando os países à vez consoante os seus interesses.
Por isso o dinheiro é bastante importante, porque o dinheiro compra influência política.
Outra coisa gira é que existe o dinheiro do jogador e o tesouro da potência. Cada potência gera o seu próprio tesouro que é acumulado. Este dinheiro não pode ser usado pelo jogador que governar a potência, só irá para a mão deste em determinadas condições.
De referir ainda que os jogadores têm sempre interesses espalhados pelas potências. Normalmente o que poderá acontecer é que os jogadores tenham em cima da mesa titulos de investimento de todas as potências, mas quem controla os destinos dessa potência é o jogador com o título de investimento maior. Mas os jogadores com investimento menor podem a qualquer momento exigir dividendos dos seus investimentos. Se o tesouro da potência em questão tiver esse valor passa para a mão do jogador, senão terá de ser o governante a pagar essa quantia.
Parece confuso e na verdade é. Eu tive alguma dificuldade em perceber algumas mecânicas e as regras não são de todo explicitas em algumas circunstâncias, nomeadamente no que se refere à pontuação, aos investimentos, etc. Mas nada que não se resolva com paciência e uma ida ao BGG.
Agora, no geral, parece-me um jogo muito bem pensado e com mecanismos verdadeiramente interessantes. Por outro lado julgo que é um jogo bem pensado de mais e que se algum mecanismo falha vai tudo por água abaixo. Parece-me um jogo arriscado no sentido que ou é uma obra-prima ou então é uma porcaria. Todas as coisas do jogo estão de tal forma relacionadas que basta haver um desequilíbrio para que o título se espalhe ao comprido.
Infelizmente só quando se jogar é que se pode saber o que aconteceu. Uma coisa é certa, não existe sorte no jogo. Tudo é um xadrez, movimentam-se exércitos, constroem-se fábricas, investe-se dinheiro. As batalhas são decididas á razão do numero de exércitos. 2:1 quer dizer que morre um exército de cada lado e sobrevive um.Vamos ver o que vai acontecer. Esperemos que seja um estoiro e que nos delicie a todos quando sair para as lojas. Seja como for, se tudo correr pelo melhor, esperem um jogo cerebral com 1000 indecisões por minuto.
Como diria a avó do Zorg enquanto cuspia para o chão: "Nunca esperes demasiado dum jogo sem o factor sorte."

17 outubro 2006

Curtas sobre o post directamente abaixo!

É verdade, meninos e meninas, está confirmado pela grande dominatrix das novidades em cartão, esse patifório que dá pelo nome de Rick Thornquist, que o Pillars of the Earth, o jogo baseado no romance homónimo que vai estrear em Essen (o jogo, não o romance homónimo), estará disponível para jogar online, no nosso amado Brettspielwelt. Grandes notícias para quem estava interessado no jogo e terá assim oportunidade de jogar e também para quem não estava interessado no jogo e terá assim oportunidade de jogar.

Outra novidade horripilante é que o Khronos tem um trailer! É verdade, um trailer! A única coisa a dizer numa altura destas, e citando o imortal Lauro Dérmio, létes luque éte da tráila: http://www.matagot.com/khronos/!!!

Sobre o Imperial também há coisas boas: as regras estão online e podem ser consultadas aqui!
Ainda não tive oportunidade de olhar para elas - uma vez que este maravilhoso blog ainda não me rende o dinheiro suficiente para poder deixar a alta finança e a intriga política internacional de uma vez por todas, para me poder dedicar exclusivamente a isto - mas, com um mapa daqueles, o jogo só pode ser bom!

De resto, a oeste nada de novo...

11 outubro 2006

Essen 2006: as nossas apostas!

Todos os anos, por volta desta altura, os jogadores de tabuleiro de todo o mundo começam a comportar-se duma forma estranha e que, com o desenrolar dos dias, começa a afectar toda a estrutura familiar em que estão inseridos. O problema não parece ser dos pobres indivíduos que, coitados, tentam ser fiéis às sua próprias convicções e particulares individualidades, mas antes daqueles que os rodeiam:
- Ó querido sai do computador 5 minutos! Sempre aí metido! Há uma semana que não comes, não falas com ninguém, tomas banho de três em três dias, começaste a fumar feito maluco e já passaram quinze dias desde a última vez em que me fizeste sentir uma mulher de verdade! Que hálito é esse? Hum? Andaste a beber álcool? Oh meu Deus!

O caso não é para menos. Aproxima-se mais uma edição da Essen, o certame mais importante de Jogos de Tabuleiro de todo o mundo. Geek que é geek quer estar presente, não só para jogar as novidades em primeira mão, mas também para ganhar alguma credibilidade neste mundo onde a competição por colocar as primeiras impressões nos blogues que povoam a blogosfera é cada vez maior.
Por aqui, como seria de esperar, o nosso blog fica em casa pelo segundo ano consecutivo. Falta de orçamento e patrocinadores dispostos a investir nos nossos escritos ditaram o fim do sonho.
Pior do que isso, mesmo que haja boa vontade, não é muito fácil convencer o agregado familiar a visitar tal cidade alemã.
- Hum? Essen? Isso é o quê? Nunca ouvi falar disso. Eu quero é ir para Paris, Roma, Londres, Praga, Madrid ou Barcelona. Agora Essen!? Era o que faltava!

Mas enfim, não será por causa destes infortúnios mundanos que vamos deixar de dar aos nossos leitores informações vitais sobre as novidades presentes na Alemanha. Todos os anos há a grande surpresa de Essen - no ano passado foi o nosso bem conhecido Caylus - e nós temos algumas apostas pessoais, sobre o jogo que arrecadará esse título na edição deste ano.

As apostas do Hugo

Leonardo da Vinci
Um dos jogos que mais furor pré Essen está a fazer é Leonardo Da Vinci de um grupo de italianos loucos pela renascença e fãs incondicionais do autor das mais improváveis invenções que o Homem quinhentista alguma vez sonhou inventar. Claro que a maior parte dos seus épicos projectos nunca chegou a ver a luz do dia, mas agora, graças aos esforços desta malta italiana, vamos poder arregaçar as mangas e tentar nós construir as mais espampanantes máquinas renascentistas. Já tive a felicidade de ler as regras do jogo. E a primeira impressão que tenho é que estamos perante um jogo bastante emotivo e desafiante. O jogador vai ter de massajar o cérebro e vai-se confrontar com umas dez decisões a tomar por minuto. Leonardo da Vinci pega na mecânica do grande vencedor de Essen o ano passado, Caylus, e trabalha-a duma forma bastante interessante. Apesar de não ter lido as regras com muita atenção, o objectivo é conseguir adquirir materiais necessários para construir as invenções a que cada jogador se propõe no início do jogo. Até aqui nada de novo, o interessante é que ao contrário de Caylus, as casas dão mais do que um benefício. E todos os jogadores podem estar representados na mesma casa. Ou seja, quando chegar a vez de resolver a casa, o jogador que tiver mais trabalhadores lá pode escolher um dos benefícios disponíveis reduzindo o leque de opções dos restantes jogadores. Para apimentar mais as coisas, o jogador que tiver mais trabalhadores ganha o benefício sem ter de pagar nada, enquanto os seguintes vão ter de pagar florins para accionarem os benefícios seguintes. Quanto menor a influência mais paga. Mas o que podemos encontrar em Leonardo Da Vinci é, teoricamente, um melhoramento da mecânica do Caylus. Como é que isso vai resultar no tabuleiro? Bem, vamos ter de esperar, mas as primeiras indicações são bastante boas.



Hermagor
É o novo jogo de Emanuele Ornella (Il Principe e Oltremare) e para muitos o melhor. O jogo consiste, numa primeira fase, em colocar mercadores nos mercados para arrecadar mercadorias e, numa segunda fase, vender as mercadorias nas cidades adjacentes. Pelo que se diz é um jogo de timing e com uma boa interacção entre os jogadores. Quanto mais se avança no jogo mais tenso vai ficando o ambiente e o espaço de manobra mais reduzido. O mais astuto vai acabar por vencer porque, pelo que me pude aperceber, as mercadorias vão sofrendo alterações no seu preço ao longo das duas horas duma partida. À primeira vista, acho que será interessante de jogar, pelo menos eu tendo a gostar de jogos em que haja variações no valor das coisas que estão em jogo. Pelas palavras dos playtesters é importante o jogador conseguir um cálculo aceitável relativo ao custo duma mercadoria e ao benefício que pode ter com ela. É um título onde a eficácia dos negócios é bastante compensada. Merece uma atenção especial.



Imperial
A verdade é que uma das coisas que não se pode retirar mérito às companhias de jogos é o especial cuidado com que tratam o grafismo dos mesmos. Veja-se o trabalho incrível que a Days of Wonder está a fazer neste capítulo. Pois bem, tudo isto a propósito de Imperial. Um épico de 3 horas da Rio Grande que traz aos escaparates mais uma criação de Mac Gerdts pós Antike. Apesar de ter caído no gosto de muitos jogadores, existe a convicção que o jogo esteve a uma unha negra de se tornar um clássico, de forma que é com muita expectativa que se aguarda este Imperial. O tema é convincente. Estamos em plena ressaca da revolução industrial, onde os grandes capitais tentam arranjar mercados mundo afora. O interessante aqui é que, como pano de fundo, temos seis impérios representados e os jogadores vão exercer influência sobre eles de forma a conseguir mais mercados e algum poder militar. Estamos numa época em que a corrida ao armamento estava descontrolada e as grandes potências tentavam, a todo o custo, ameaçar o vizinho aumentando o seu arsenal bélico. O tema é interessante e são muitos os olhos que estarão atentos neste título. O facto de não existir o elemento sorte faz crescer a ansiedade. Podemos construir fábricas, exércitos e frotas. O jogador vai tentar espalhar pela Europa influência política, económica e militar. Tenho de confessar que o meu coração dispara cada vez que olho para a foto da caixa.



Gloria Mundi
A tinta que este jogo já fez correr é tanta que mais vale não antecipar nada. Mas desde os meus tempos de iniciado, tenho olhado para a capa do jogo com paixão e tenho ficado sempre em expectativa. O tema interessa-me imenso e é talvez o período da História que mais vibro. A queda do império romano. Ora a ideia do jogo consiste na fuga dos jogadores de Roma para as províncias africanas enquanto os Bárbaros não chegam ao centro do império. Enquanto isso é possível fazer oferendas aos deuses, construir vilas e cidades e haverá muitas oportunidades de lixar os outros jogadores, pondo-os à mercê das hordas bárbaras. A ideia que me ficou é que se um jogador não tiver em atenção as acções dos outros jogadores não será bem sucedido no resultado final. Disputa não faltará certamente. Uma das razões para os sucessivos atrasos deve-se ao facto de o jogo não estar devidamente oleado e tendo, por isso, alguns desequilíbrios. Aparentemente essa fase já está ultrapassada e parece-me que Gloria Mundi vai ser um nome a ter em conta para o próximo Natal. Um pormenor interessante é que todas as palavras inscritas no tabuleiro vêm em latim, o que lhe dá um ar bastante sedutor.



Pillars of the earth
Certamente muitos de vós devem estar a pensar mas que raio. Pois eu explico. A minha namorada (uma não gamer incondicional) esteve o Verão a ler esta obra literária de 1000 páginas escrita por Ken Follett. Todos os dias me contava o quão extraordinária era a história e que era o melhor livro que alguma vez tivera lido.Segundo a narrativa vinda no calhamaço tudo gira à volta da construção da catedral de Kingsbridge. Aparentemente a grande missão do jogador no tabuleiro é exactamente essa, construir a catedral. Mas irão também estar representados muitas personagens do best seller de Follet.Este vai ser um jogo que irei oferecer à minha namorada com elevado prazer, até porque pode ser que o jogue e mude de opinião em relação a este hobby.



As apostas do Zorg

Essen este ano parece particularmente interessante. Há novos títulos de criadores consagrados (Teuber, Wallace, Knizia, ...), há títulos menos novos de criadores por consagrar (Gloria Mundi, Silk Road e até, de certa forma, Gheos) e há alguns criadores promissores que trazem novidades aparentemente interessantes (particularmente o checo Vladimir Chvatil, que traz 2 jogos novos, depois do sucesso que foi Prophecy). Partilho de algumas das expectativas do Hugo (principalmente no que diz respeito a Imperial, Gloria Mundi e Leonardo da Vinci), mas também tenho algumas expectativas elevadas em relação a alguns títulos mais obscuros, pelo que vou optar por falar destes últimos, para evitar repetições.

Mas vamos aos jogos!

Perikles
"Come sempre de boca fechada e Martin Wallace é Martin Wallace", foi o que a minha avózinha sempre me ensinou, por entre duas goladas de rum de qualidade e uma baforada no seu cubano genuíno. E a verdade é que na minha colecção, vão entrando cada vez mais títulos do prolífico e criativo autor inglês: Age of Steam, Princes of the Renaissance, Conquest of the Empire II e Byzantium já cá cantam e são muito amados pelas hostes. Quanto a este Perikles, devo dizer que parece bastante interessante. Aparentemente é um jogo politico-militar. Fala-se até num Struggle of Empires com uma vertente política, o que, a ser verdade, seria algo de maravilhoso. E a verdade é que minha avózita também me dizia, enquanto punha a farda a secar, que "se é para jogar um jogo politico-militar, mais vale que seja feito por um inglês". Aguardo, por isso, com grande espectativa este Perikles.



Gheos
Não há como escondê-lo: sou o maior! Mas isso não é relevante para este post. O que é relevante é que fique claro que jogos de civilização atraem-me mais do que... jogos que não são de civilização! Pode dizer-se que se os jogos de civilização fossem boys bands, eu seria uma adolescente histérica, na primeira fila do concerto, com um cartaz a dizer " I wanna have your baby!!!!!". E este Gheos é um jogo de civilização! Melhor do que isso, a acreditar no que se tem para aí escrito, é um jogo com regras relativamente simples, rápido, que se joga bem com 2 jogadores e que é descrito como "uma mistura entre carcassonne e tigris e euphrates". Ou seja, é um jogo adequado para prosseguir o ardiloso plano que engendrei e que tenho posto em prática nos últimos tempos: transformar a minha inocente e ingénua cara-metade, numa viciada incurável e doentia, sempre disponível para jogar um joguinho, sempre sequiosa de um fix de jogo, disposta a tudo, até vender as pratas lá de casa, para ter dinheiro para a próxima encomenda da Playme. E este Gheos pode ser uma ajuda importante no atingir deste nobre e louvável desígnio! Ainda para mais ganhou alguns prémios enquanto protótipo, o que lhe dá aquele saborzinho apimentado extra, que me deixa ainda com mais água na boca. Para além do mais, a minha avó sempre me disse, enquanto construía um abrigo na floresta, "se vais tentar fazer da tua namorada uma jogómana incurável, mais vale que seja com um jogo de civilização apimentado".



Graenaland
A indústria dos jogos de tabuleiro é como todas as indústrias: há os big players que dominam o mercado e tendencialmente são mais conservadores nas suas apostas e depois há os outsiders, que, dispondo de menos meios, fazem da criatividade e do risco a sua grande estratégia para entrar no mercado. Depois do sucesso inesperado do Prophecy (que ainda lá está em casa, à espera da estreia), eis que do mesmo criador e da recém criada Czech Board Games surge este Graenaland, que já mereceu rasgados elogios do mestre dos novos lançamentos, o lendário Rick Thornquist. Diz o mestre que o jogo está muito bem feito, que faz lembrar o Catan e que possui um mecanismo bastante inovador de distribuição dos recursos entre os jogadores, através de propostas dos próprios. Tudo isto me cheira muito bem e, como dizia a minha avó enquanto cofiava a sua barba farta, "se vais jogar um jogo parecido com o Catan, mas com um mecanismo inovador de distribuição de recursos, mais vale que seja feito por um gajo que saiba falar checo fluentemente".



Kampf um Rom
Klaus Teuber é um dos Deuses maiores do panteão joguístico. Ultimamente andava um pouco em baixo de forma e tinha perdido algum do seu mojo, depois de algumas criações menos felizes, como o Candamir. No entanto, o recente Elasund anunciou ou mundo que o velho mestre tinha controlado a alimentação, retomado o exercício regular, perdido os quilinhos a mais e estava de volta ao seu melhor nível! Elasund é mesmo um grande jogo, que só podia ter sido criado por um autor em grande forma! É por isso que eu em geral e o mundo gamer em particular aguarda com enorme expectativa a sua mais recente criação, este Kampf um Rom, em estrangeiro, ou Luta em Roma, em lusitano corrente (tradução gratuita, fornecida por mim). As informações ainda são poucas, mas parece que este é um jogo baseado na lenda Settlers of Catan, mas passado no tempo do império romano. Os jogadores comandam tribos de bárbaros que saqueiam o indefeso império sem dó nem piedade, como se este lhes tivesse feito algum mal. A complexidade é maior do que no Catan e, depois do Elasund, este jogo promete muito! Para além do mais, como dizia a minha avó enquanto limpava a sua AK-47, "se vais jogar um jogo do império romano, mais vale que seja um feito por um autor sem excesso de peso".





















Khronos
Este é, provavelmente, o título mais obscuro deste post. De um autor desconhecido, editado por uma editora desconhecida francesa... onde é que eu já ouvi esta história antes? Para além do mais, as regras disto parecem interessantíssimas: o jogo é sobre viagem no tempo e então tem 3 tabuleiros que representam a mesma área geográfica... mas em tempos diferentes! Os jogadores podem viajar entre as 3 épocas e construir edificios e - esta é a melhor parte - os edificios que se constroem numa época, aparecem nas épocas futuras (ou tabuleiros), inteiros ou em ruínas. Não é brilhante? Claro que é possível que o jogo tenha falhas horríveis, nomeadamente em termos de equilibrio e falta de produção (com editoras pequenas, este risco ainda é maior), mas à partida acho a ideia extremamente interessante. Para além do mais o desenho da caixa é muito giro e, como dizia a minha avó enquanto tomava Havana pela força das armas, "se é para jogar um jogo de viagem no tempo, mais vale que tenha 3 tabuleiros e um desenho de caixa como deve ser".















P.S. 1: Este post é partilhado, apesar de ser colocado por mim. O Hugo é o autor da primeira parte (e da introdução) e eu da segunda.
P.S. 2: Não há como escondê-lo: a minha sábia avó é o Fidel Castro!

10 outubro 2006

Ticket to ride: Portugal Edition

Pois é, depois de Ticket to ride, Ticket to ride: europe e Ticket to ride: Märcklin, eis que nos chega Ticket to Ride: Portugal Edition. Desta vez não é da autoria do afamado Alan Moon, mas sim do nosso conterrâneo e não menos conhecido, o mítico Hélio Andrade.

Esta expansão é gratuita, gratuita, mesmo gratuita, pelo que qualquer um pode a pode imprimir e jogar! Já tinha referido que a expansão é gratuita?

Enfim, o Alan Moon que se acautele, porque com concorrência deste calibre, corre o risco de perder o franchise para o nosso amigo Hélio. E bem merecidamente! Podem ver e descarregar os mapas desta maravilha, que ainda por cima vem em duas magníficas versões, aqui!

Ficamos agora a aguardar ansiosamente as próximas novidades cá do Hélio! Eu pessoalmente tenho algumas sugestões: Ticket to ride: Estádio da Luz Edition, onde podemos construir uma linha férrea em torno da nossa sagrada Catedral ; Ticket to ride: Marrocos Edition, onde podemos construir rotas pelas principais cidades marroquinas, como por exemplo Seixal, Barreiro ou Almada ; Ticket to Ride: Alfredo Edition, onde podemos construir linhas dentro de um restaurante italiano, em redor das pizzas e das pastas.

Força Hélio!

05 outubro 2006

Crítica: China

Ora aí está mais um jogo a juntar a todos os outros que por aí andam e que aparecem por vezes nas nossas mesas.
China de Michael Schacht (que tem no seu Web of Power o expoente máximo) serve-se da mecânica já utilizada em jogos como a série Ticket to Ride e também Thurn uns Taxis. Compreendo a opção, é uma mecânica simples e familiar e portanto, à partida, isso pode significar uns bons milhares de cópias vendidas e quem sabe, se a coisa funcionar a nível de marketing, ganhar um ou outro prémio.
Sobre Thurn und Taxis e Ticket to Ride, jogos do mesmo segmento, já estamos conversados, já muito se falou neste blog, agora é a vez de China.
Devo confessar que quando me foram explicadas as regras e comecei a ver as cartas de várias cores pensei para com os meus atacadores:
- Mais do mesmo!
E na verdade não estava enganado. É realmente mais do mesmo, mas a diferença é que China é melhor que os outros. E porquê? Porque é mais rápido e mais complexo.



O princípio básico é cada jogador jogar uma carta colorida para colocar uma peça no tabuleiro. Cada cor representa uma região no tabuleiro. Ou seja, jogando uma carta vermelha, pode-se pôr uma peça na região vermelha. Cada um dos contendores tem apenas 3 cartas na mão em cada turno, pelo que nesse particular as suas opções são limitadas. O sistema de pontuação remete para o tradicional Area Control, o jogador que mais peças dele tiver numa região ganha mais pontos que os outros.
China é mesmo isso, um Area Control utilizando o sistema já com barbas das cartas coloridas.
Mas, Michael Schacht para apimentar as coisas teve uma boa ideia que dá ao título em análise um toque especial. Para o efeito adicionou as figuras dos embaixadores. Estes embaixadores funcionam como mais um elemento de pontuação. É graças a eles que o jogador pode adicionar mais pontos ao seu pecúlio. O espaço destinado a estas peças é mais uma Área dentro das regiões de que já falei. Mas para o jogador ganhar alguma coisa, tem de conseguir ter mais embaixadores em duas regiões contíguas do que todos os outros. Se isso acontecer ganha bons pontos, se não fica a 0. É aqui que as coisas começam a aquecer. O jogador debate-se com um sério problema, ou coloca as suas peças (casas) na região ou então coloca o seu embaixador esperando vir num futuro a ter vantagem sobre os demais. É uma decisão tramada, porque, enquanto que nas casas, a pontuação é mais ou menos imediata, nos embaixadores o investimento só será compensado a longo prazo e claro, devido à limitação de acções, a opção a tomar é tudo menos evidente.
Por outro lado existe a pontuação das estradas, onde 4 espaços seguidos ocupados por peças da mesma cor farão amealhar ao seu dono mais alguns pontos no final.
Este manancial de factores transformam este China num produto bem equilibrado e bastante motivante para os que nele investirem o seu tempo e dinheiro.
Claro que existem mais umas regritas pelo meio que não facilitam a vida dos convivas, servem essencialmente para adicionar dificuldade às opções, mas que funcionam muito bem no todo. Aliás, tudo flui muito bem e não existem pontos mortos e cada jogador pode ver o que os outros estão a fazer ou pretendem fazer.
Fiz dois jogos. Um a quatro e outro a cinco (numero máximo permitido). Posso garantir que o jogo a quatro não me seduziu particularmente. Torna-se uma experiência mais aberta e o tabuleiro tem muito espaço vazio que dá vantagem a quem estiver a jogar. Por outro lado, num jogo a 5, China brilha e torna-se claustrofóbico, com muita gente a lutar por pontos e onde um erro pode atrasar as contas finais. Há menos espaços para ocupar, o que num Area Control significa mais tensão.
Importante também fazer referência que a escolha de cartas para substituir as que foram jogadas terá em conta jogadas futuras e o jogador para fazer bom uso da escolha que lhe assiste, terá de saber mais ou menos onde vais investir, até porque só tem 3 cartas na mão e convém para o seu bem não ter “palha” que não serve para nada. Mas já se sabe, os outros também não andam a dormir e as boas oportunidades serão aproveitadas. Parece-me que uma das vantagens de China em relação a jogos do mesmo tipo é que a interacção é maior. Existe aqui a possibilidade efectiva de tramar o próximo. É frequente os jogadores cortarem as intenções uns aos outros o que é bastante agradável para quem o faz e não tão bom para quem as sofre.
- Cabrão!



Em jeito de conclusão e comparando este jogo com Ticket to Ride e Thurn und Taxis que são de alguma forma semelhantes, penso que China é o melhor. Em primeiro lugar porque existe mais interacção, porque é mais rápido (35 minutos servem perfeitamente) e mais cerebral. Além do mais acho que é um jogo que terá um tempo de vida superior aos seus concorrentes. Joga-se com mais agrado e é um bom desafio. Volto a sublinhar o ponto que 5 jogadores é a conta certa. Menos torna o jogo banal e com pouco interesse.
Por isso volto ao mesmo ponto de sempre. Para iniciar jogadores que estejam habituados ao Pictionary e ao Party & Co., o melhor é o Ticket to Ride na sua versão Marklin. Se, por outro lado, procura alguma coisa mais complexa dentro do mesmo estilo a opção acertada é este China. Um dos parceiros de jogo, que não acha piada nenhuma ao Thurn und Taxis, ficou bem impressionado com o China.
Atenção que este é um jogo complexo e não é conveniente jogá-lo com jogadores que nunca viram um tabuleiro na vida. As regras não são fáceis e demoram algum tempo a serem digeridas convenientemente. Nada do outro mundo, claro.
Se é daqueles jogadores que está a pensar em comprar Thurn und Taxis, deixe lá isso e invista aqui no China que vai mais bem servido. Fiquei seduzido e embora não seja um jogo para entrar num top 10 dum jogador experimentado é, com toda a certeza, um jogo que vai voltar muitas vezes à mesa.

Pontos positivos:
- Em relação a outros jogos do mesmo género, é certamente o melhor por ter mais interacção, por ser resolvido mais rapidamente e por exigir mais de quem o joga.
- É desafiante por as opções serem tudo menos evidentes.

Pontos negativos:
- São necessários 5 jogadores para a experiência ser compensadora.
- Não é mais do que um bom jogo de aquecimento para uma sessão de jogatana.
- As regras podem ser difíceis de explicar e compreender à primeira.